terça-feira, 8 de setembro de 2009

Família de brasiliense

Em Brasília, as pessoas têm mania de, mesmo com 30 ou 40 anos na cara, chamarem os pais dos amigos de "tios". Não sei de onde veio essa tradição infantil, nem como surgiu, mas isso é fato. Perguntem a qualquer brasiliense, e ele confirmará.

Eu já não faço mais isso. Fazia, sim, até míseros e poucos anos atrás (apesar de, quem eu conheci até essa época, eu continuar chamando de "tio" ou "tia". Afinal, costume é costume, oras...). Mas agora, confesso, fico meio sem jeito. Chamo de "Sêo" Fulano; "Dona" Sicrana. Até com meus sogros faço assim. É que, mesmo tendo o maior carinho por eles, fico com a sensação que usar "tio" ou "tia" seria falta de respeito. É, eu sou uma candanga paraguaia.

Pois hoje eu estava papeando com minha amiga Quel. E ela comentou sobre como adora "roubar" os avós alheios. E, pensando bem, eu me dei conta: eu também!

Dos amigos japoneses, chamo os avós de "batian" e "ditian". Quando eu ainda era adolescente, uma amiga até brincou comigo, quando eu falava de uma conversa com sua avó: "peraí, mas essa batian é minha, não sua!". E até da família do meu namorado: ao mesmo tempo em que chamo meus sogros por seus nomes, por outro, a avó do Dan não é "Dona". É simples e carinhosamente "vó".

E, pensando mais bem ainda, percebi além. Eu não faço isso só com os avós. Faço com a família inteira de muita gente amiga. Mesmo chamando-os pelo nome, adoto os pais dos mais íntimos como tios. Como se esses meus amigos fossem primos e eu fizesse parte de uma imensa família. Adoto os filhos de pessoas queridas como meus sobrinhos. E, como eu já disse antes, viro tia, mesmo, de mimar e também dar bronca.

Quando digo tudo isso, não estou exagerando. Perdi as contas de festas de fim de ano, aniversários, dia das mães, dos pais, ou das crianças e o diabo a quatro que passei na casa de amigos, "emprestando" suas famílias e comemorações. Festas íntimas, familiares, que tinham os devidos parentes... e euzinha. E que fique bem claro: sempre fui/vou como convidada!

Acho que, se, por um lado, Brasília já dá asas a esse tipo de relação, por outro, também pesa a falta de ter familiares por perto. Meus irmãos e eu vivemos desde a infância longe de qualquer parente e, quando meus pais voltaram para SP, ficamos só nós três. Desde sempre, fizemos de nossos amigos nossa família de coração, mesmo.

O fato é que, independente de motivos, nós fomos (e somos) felizes com as nossas escolhas. Porque sabemos que esse amor vem da mesma forma que vai.

P.S. tudo a ver: na foto, The Brady Bunch - família grande, misturada e feliz.

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