segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Sou pobre, mas não sou porquinha

Semana passada eu gripei. Na segunda-feira, acordei com a garganta ruim e um mínimo de febre. Liguei pra chefe pra avisar que eu ia ficar em casa pra me cuidar e, caso piorasse, eu iria ao hospital. Fiquei quietinha e melhorei.

Aí liguei novamente pra chefe, avisando que iria no dia seguinte. A resposta?
- Não se preocupe. Pegue a semana toda pra se cuidar.
- Imagina... eu já tô bem. É um resfriadinho normal, como qualquer um.
- Tudo bem, mas sua imunidade está fraca. Melhor ficar em casa e evitar ficar pior.
- Tá. Se eu não melhorar amanhã, não voltarei na quarta. Pode ser?
- Fique em casa. Não se preocupe.

Fiquei de molho mais um dia e me incomodei. No dia seguinte, voltei à labuta. A recepção foi a mais estranha, com comentários repetitivos vindos de vários colegas (a chefe também estava de licença):
- O que você está fazendo aqui???
- Ué... você não estava com gripe suína?
- Já tá curada???
- Ih... vou ficar longe, tá?

Eu me senti péssima. As pessoas me olhavam enviesado, do tipo "você é uma irresponsável". Brinquei a respeito e soube até que, na terça-feira, houve gente que tinha ido trabalhar de máscara e luva. Faltou a bolha de plástico. Isso tudo por causa de uma gripezinha qualquer.

Falei novamente com a chefe, que me chamou pra conversar (fora do recinto do trabalho). Ela me orientou mais uma vez a ir pra casa, porque, por mais que eu estivesse bem, eu tinha que me cuidar.

Resultado? No dia seguinte, acordei com o nariz ruinzinho. Nada de febre, nem nada demais. Só o nariz, que me fazia espirrar (aliás, nada me tira da cabeça que isso foi puro olho-gordo). Se, no dia anterior, eu estava "excluída", imaginem como me tratariam, se eu fosse trabalhar espirrando? E lá fui eu ligar mais uma vez para a chefe. Ela repetiu que eu devia mesmo ficar em casa, e que eu não me preocupasse. Eu tinha que cuidar de mim.

Por um lado, achei legal a atitude da minha chefe, preocupada com minha saúde. Por outro, achei engraçado e absurdo o jeito exagerado que as pessoas estão lidando com esse pânico geral do porquinho. É sério? É. Mas precisa disso tudo? Não, né.

Agora, qualquer tosse é malvista. Sim, gente, existem novas doenças todos os dias por aí. Mas também não é pra tanto! Há calamidades maiores. Há doenças menos "na moda" que matam muito mais gente - e são bem mais contagiosas. É triste pensar em quantas pessoas têm morrido? Claro! É triste que isso aconteça. Mas também é triste saber de tanta gente morrendo no trânsito, e nem por isso as pessoas param de sair de casa ou, em analogia às máscaras, saem cobertos de amortecimento para se protegerem de colisões. Menos, gente! MENOS!!!

De qualquer forma, descansei, como minha chefe pediu. E ri da situação com colegas menos medrosos. Só espero que esse temor passe logo. Porque, na boa: já encheu, né?


Imagem: recebi por e-mail e achei uma graça. Foi exatamente assim que me senti na quarta passada. Pena que não sei quem fez, pra dar o devido crédito...

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